“Nesta casa era a adega do monte. Lembro-me de entrar e sentir logo o cheiro a vinho embutido na madeira das pipas. O lagar era uma verdadeira piscina para a criança que eu era. Todos os anos era convidada a pisar as uvas. Ainda recordo a sensação de aspereza dos cachos de uvas na pele fina dos meus pés...

A vindima era um dos momentos altos do ano. Normalmente eu e os meus pais vinhamos participar. Adorava apanhar as uvas e sobretudo andar no tractor com o meu avô a recolher os potes das uvas recolhidas.

As parcelas de terra localizadas em frente ao monte, de ambos os lados da estrada, eram ocupadas por vinha. Parte da produção tinha como destino a antiga adega cooperativa de Lagos, outra parte servia para fazer umas pipas de vinho para a casa. Aqui também se fazia o tão apreciado medronho.”

"Na orla vicentina

teu fruto admira a gente,

muito dele cumpre a sina

de ser feito em aguardente"